A famosa ora-pro-nóbis, planta queridinha das cozinhas mineira e goiana, entrou na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A nova decisão mira suplementos alimentares que usam esse tipo de ingrediente na composição.
Na decisão publicada no Diário Oficial da União, a agência proibiu a fabricação, comercialização, distribuição, propaganda e até o uso de suplementos alimentares que contenham o ingrediente.
A medida também determina o recolhimento dos produtos que já estão no mercado.
Mas porque esse ingrediente preocupa?
Segundo a Anvisa, a ora-pro-nóbis, cujo nome científico é Pereskia aculeata, não é autorizada como constituinte de suplementos alimentares.
Isso significa que a planta ainda não ou pelos testes e análises exigidos para garantir sua segurança e eficácia nesse tipo de produto.
Na nota divulgada depois da decisão, a Anvisa explicou que:
- Todo ingrediente de suplemento alimentar precisa ser avaliado cientificamente para comprovar que fornece algum nutriente ou substância relevante ao corpo humano.
- Suplementos não são medicamentos. Eles não podem prometer tratamento, prevenção ou cura de doenças. Sua função é apenas complementar a dieta de pessoas saudáveis com nutrientes, enzimas, probióticos ou substâncias bioativas.
Posso consumir a planta em si?
Aqui vem um ponto importante: a decisão não atinge o uso culinário da planta in natura. Isso significa que a ora-pro-nóbis continua liberada para quem deseja usá-la como alimento, especialmente nas tradicionais receitas de Minas Gerais e Goiás, onde é muito usada.
Portanto, se a ora-pro-nóbis estiver no seu prato, não há nada com o que se preocupar. O problema é quando ela vai parar no rótulo de um suplemento sem a devida comprovação científica.
Em resumo, você precisa saber que:
- a planta está proibida em suplementos alimentares;
- falta comprovação de segurança e eficácia;
- os produtos que têm a planta na composição serão recolhidos;
- a planta fresca continua liberada na alimentação tradicional
O caso da Colgate
O outro caso que vem causando repercussão neste momento no Brasil é o da Colgate. A empresa lançou uma nova linha de creme dental que chegou a ser oficialmente proibida pela Anvisa.
Para entender toda a polêmica envolvendo o creme dental da Colgate, é preciso voltar para o começo dessa história.
- A interdição temporária ocorreu após a Anvisa receber oito notificações sobre reações adversas relacionadas ao creme dental, envolvendo 13 eventos como inchaço nas amígdalas, lábios e mucosa oral.
- Um dos casos foi o de Denise Correia Santiago, moradora de Santos (SP), que relatou vermelhidão, inchaço e queimaduras após cinco dias de uso do produto.
- Apesar disso, a Colgate recorreu, e a Anvisa suspendeu a interdição, permitindo que a pasta siga à venda enquanto o caso a pelos trâmites internos da agência.
O que muda com a nova decisão da Anvisa
Antes:
O produto estava interditado e deveria ser retirado das prateleiras.
Agora:
Pode ser comercializado normalmente, mas a Anvisa reforça o monitoramento e pede que consumidores relatem qualquer reação adversa.
Abaixo, você pode conferir na íntegra a nota da Colgate sobre a confusão envolvendo um de seus cremes dentais.
“A Colgate reforça seu compromisso com a qualidade e segurança de seus produtos. Estamos cientes da decisão da Anvisa por uma interdição cautelar ao creme dental Total Clean Mint, que não implica no recolhimento do produto. A companhia entrou com recurso que resultou na suspensão automática dessa interdição na quinta-feira (27). Seguimos tomando todas medidas cabíveis para interagir com a Anvisa e demonstrar a segurança do produto. É importante reafirmar que o produto não oferece riscos à saúde, mas algumas pessoas podem apresentar sensibilidade a certos ingredientes – como fluoreto de estanho, corantes ou sabores. Nossas equipes estão preparadas para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o creme dental Total Clean Mint com autoridades, profissionais, clientes e consumidores.”
Agora, você pode conferir na íntegra a nota da Anvisa sobre o mesmo tema
“A Anvisa publicou um alerta referente à possibilidade de ocorrência de reações indesejáveis ao uso de creme dental e da importância da notificação pelo sistema e-Notivisa. A Agência recebeu relatos de eventos adversos que indicam que a presença na formulação da substância fluoreto de estanho, que tem conhecidos benefícios antimicrobianos e anticárie, pode estar associado a reações indesejáveis em alguns usuários. A recomendação do alerta é para que os consumidores observem sinais de irritação e interrompam o uso do produto nessa situação. Caso o desconforto seja persistente, é importante procurar um profissional de saúde. Já os profissionais de saúde devem monitorar sinais de alterações bucais, orientar os pacientes sobre possíveis reações adversas e recomendar alternativas para indivíduos sensíveis. Os fabricantes devem garantir que a rotulagem contenha informações claras sobre possíveis reações adversas e instruções de uso adequadas.”